História de Arda I

A Criação de Arda
Sobre o Mundo e o Início dos Tempos

No inicio tudo era escuridão e um grande vazio. Ali vivia sozinho um ser onisciente, ele era chamado Eru o Único ou como seria depois chamado pelos elfos... Ilúvatar. De seus pensamentos elementares ele criou a raça dos Ainur, e com sua "chama imperecível" lhes concedeu vida eterna. Para os Ainur habitarem, Ilúvatar criou uma grande morava no vazio e deu-lhe o nome de Hall's Eternos. Ilúvatar ensinou os Ainur a cantar, e eles formaram um coro celestial. A princípio os Ainur cantavam apenas para o deleite de Eru, mas sua música teria propósitos mais amplos, e poderia ser mais poderosa.
Da música destes espíritos divinos surgiu a visão de um novo mundo, era um mundo esférico girando sozinho no grande vazio.Esse mundo foi chamado Arda. Tolkien criou seu mundo de uma canção, cada um dos Ainur teve uma participação na sua criação, e até mesmo o poderoso espírito satânico chamado Melkor, cujo canto destoou diante da harmonia melodiosa da canção dos outros Ainur. Porém a música dos Ainur criou apenas uma visão, e foi Ilúvatar com sua "chama imperecível" que deu vida e substância a realidade de Eä, o Mundo que Existe. Alguns dos Ainur ficaram tão maravilhados com aquele mundo que desceram a ele para tomar parte em sua formação.
Esses ficaram depois conhecidos como "Os Poderes de Arda". Foi assim que Tolkien registrou a formação do seu planeta, Arda. Estranhamente Tolkien foi muito etéreo e amplamente lírico na sua criação. Não se discute sua beleza literária que é esplêndida, mas sim sua originalidade e concepção. Quando os Ainur chegaram ao mundo ficaram supresos. A música da criação foi apenas uma visão de como deveria ser Arda, e ela estava apenas no inicio de sua formação. Caberia a eles controlar as águas, o vento e os outros elementos para torna-la aquilo que foi cantado junto de Ilúvatar.Embora Tolkien diga em seus livros que a grande maioria dos Ainur permaneceu junto de Ilúvatar nos Hall Eternos, ele não nos diz mais nada sobre eles. Todos os acontecimentos subseqüentes em Arda falam apenas dos que desceram as esferas do mundo. Aqui esses espíritos tinham formas imateriais, eles se tornaram elementos da natureza.
Como os deuses gregos e escandinavos podiam assumir formas físicas, tinham personalidades, gênero e laços familiares uns com os outros. Os espíritos que desceram a Arda se dividem em dois tipos: os deuses chamados de Valar, e os semi-deuses chamados de Maiar.Os Valar contavam quinze: Manwë, Deus dos Ventos; Varda, Rainha das Estrelas; Ulmo, Senhor dos Oceanos; Nienna, a Melancólica; Aulë, o Ferreiro; Yavanna, a Frutífera; Oromë, Senhor das Florestas; Vána, a Jovem; Mandos, Guardião dos Mortos; Vairë a Tecelã; Lórien, Mestre dos Sonhos; Estë, o Curandeiro; Tulkas, o Lutador; Nessa, a Dançarina; e Melkor, depois chamado Morgoth, o Inimigo Escuro. Dos Maiar havia uma multidão, mas apenas alguns desses imortais são citados nas crônicas de Tolkien: Ëonwë, Arauto de Manwë; Ilmarë, Aia de Varda; Ossë das Ondas; Unien dos Mares Calmos; Melian, Rainha dos Sindar; Arien, o Sol; Tilion a Lua; Sauron, o Senhor dos Anéis; Gothmog, Senhor dos Balrogs; Thuringwethil, o Vampiro; Ungoliant, a Aranha; Dragluin, o Lobisomem; Goldberry, a Filha do Rio; Iarwain Ben-adar (Tom Bombadil) e os cinco magos - Olórin (Gandalf), Curunír (Saruman), Aiwendil (Radagast), Alatar e Pallando.
Antes da entrada dos Valar no mundo não existia a contagem do tempo, somente com sua entrada Arda iniciou sua história. Como na maior parte da história do mundo não existiu o sol ou a lua para medir o tempo, Tolkien criou uma medida cronológica em Eras dos Valar. Cada Ano dos Valar equivalem a dez anos como nós os conhecemos, e cada Era dos Valar possui cem Anos dos Valar. E como uma Era dos Valar engloba cem Anos dos Valar, ela corresponde a mil anos dos mortais. Embora existam muitos sistemas concorrentes e variações nos eventos e datas nos vários registros de Tolkien, existe consistência suficiente para estimar que entre a criação de Arda e o final da Terceira Era do Sol (pouco depois da Guerra do Anel) existe 37 Eras dos Valar, ou mais exatamente 37.063 anos dos mortais. As primeiras eras dos Valar foram utilizadas para a formação de Arda, o controle dos grandes levantes da natureza do mundo que estava em formação.
Mas mesmo no início, quando foi feita a canção nos Hall's Eternos havia a discórdia. Mal Arda estava formada o poderoso espírito satânico, Melkor, tentou tomar posse do mundo. Uma tropa de Maiar lutou contra os outros Valar pela posse de Arda, isso gerou uma grande guerra entre os poderes. Esse foi o primeiro conflito na história do mundo, que deixou sua simetria e harmonia originais alteradas e confusas. Com isso a possibilidade de Arda como um mundo perfeito ideal em sua concepção perde-se para sempre.

As Eras das Lâmpadas
A Criação de Illuin e Ringil ilumina o Mundo

Após as Eras da criação de Arda Tolkien relata o surgimento de um período tranqüilo chamado As Eras das Lâmpadas. Isso ocorreu quando apesar das cicatrizes deixadas no mundo na primeira guerra dos poderes os Valar encheram o mundo de maravilhas naturais de grande beleza e harmonia. Essas eras foram assim chamadas pela criação de duas colossais lâmpadas mágicas que iluminaram o mundo.Foi o Valar chamado Aulë o Ferreiro quem forjou seus recipientes, enquanto a Rainha das Estrelas, Varda, e o Rei dos Ventos, Manwë, encheram-nos de luz e tornaram-nos radiantes.
Foi necessário o poder combinado dos outros Valar para elevar cada uma delas sobre um poderoso pilar, muito mais alto que qualquer montanha. Uma Lâmpada foi colocada a norte da Terra Média e foi chamada Illuin, a outra ficava alinhada com o centro da margem de um mar interno chamada Helcar e foi chamada Ringil. Durante as Eras das Lâmpadas o Primeiro Reino dos Valar, na ilha de Almaren, foi construído no Grande Lago (o mar interno), na parte mais central de Arda. Povoado pelas lindas mansões e torres dos Valar e Maiar, era uma maravilha de se admirar, e o mundo era cheio de alegria e luz. Este foi um período muito tranqüilo que também foi chamado de Primavera de Arda, quando Yavanna a Frutífera trouxe as grandes florestas e as vastas campinas e muitos animais e criaturas dóceis e belas para a terra e rios. Todavia, Almaren não foi o único reino criado nesta Era. Muito ao sul os espíritos seduzidos por Melkor se reuniram, e o senhor negro novamente entrou em Arda.
Em segredo durante o descanso dos Valar, Melkor ergueu grandes montanhas protetoras como muralhas intransponíveis... essas montanhas ficaram conhecidas como "as montanhas de ferro". Abaixo delas foi escavada uma grande fortaleza do mal, depois chamada de Utumno. Dalí ele começou a desfigurar o trabalho dos outros Valar, venenos se espalharam pelas águas e pelo ar e as belas criaturas de Yavanna foram distorcidas e torturadas até ficarem quase irreconhecíveis e cheias de desejo por sangue. Quando havia reunido forças que julgava suficientemente poderosas Melkor veio em guerra aberta contra os Valar. Pegos de surpresa sua reação ao ataque foi mínima, Melkor derrubou as duas lâmpadas e as grandes chamas que eles continham se espalharam pelo mundo consumindo tudo que encontravam.
Em meio ao terrível tumulto o reino de Almaren foi totalmente destruído. Este foi o segundo conflito entre os poderes de Arda. Com ele a primavera do mundo chegou ao fim e suas terras foram novamente jogadas na escuridão, exceto pelos fogos destrutivos da terra e o tumulto dos terremotos e o correr das águas. Todos esses levantes naturais requereram as forças dos Valar combinadas para impedir a completa destruição de Arda. Assim em vez de dar combate a Melkor e causar ainda maior destruição, os Valar partiram de Almaren e da Terra Média. Eles foram para o extremo oeste, para o grande continente de Aman que mais adiante recebeu o nome de Terras Imortais.Então as Eras das Lâmpadas chegaram ao seu fim. Os Valar partiram para sempre ao encontro do novo continente de Aman, e as terras desfiguradas da Terra Média foram deixadas sob o domínio de Melkor.

As Eras das Árvores
A Ascenção e queda de Telperion e Laurelin

Após a destruição do reino de Almaren os Valar foram para o oeste, para o novo continente de Aman onde construíram seu segundo reino em Arda. Esse reino foi chamado de Valinor, que significa terra dos Valar. Cada um deles tomou uma parte deste continente como sua e lá fizeram suas mansões e jardins, também foi construída Valimar, a "Casa dos Valar". Valimar foi e ainda é a cidade mais bela de toda a Arda, com cúpulas e pináculos de ouro, cheia de música e muitos sinos com o toque mais harmonioso que poderia ser criado.Em uma colina após os portões dourados de Valimar, os Valar criaram duas árvores mágicas.
Estas foram as mais colossais árvores que jamais existiram, seus nomes eram Laurelin a Dourada, e Telperion a Branca. As árvores eram quase do mesmo tamanho das antigas Lâmpadas dos Valar e irradiavam uma luz que era como o ouro e a prata. O crescer e o minguar dessa luz fornecia a medida do tempo em cada dia, a própria luz nutria cada um que vivia sob sua presença com felicidade e sabedoria. Segundos as anotações de Tolkien nos "Anais de Valinor" podemos concluir que as Eras das Árvores começam mil anos dos Valar depois da criação de arda. Em outras palavras, na décima Era dos Valar, ou dez mil anos mortais após da criação de Arda.
Também é possível concluir que as Eras das Árvores duraram quase vinte Eras dos Valar, ou o equivalente a vinte mil anos mortais de duração. Existe no entanto um fator complicante na cronologia de Arda, pois as Eras das Árvores aplicam-se somente às Terras Imortais. Ao chegar em Aman os Valar ergueram um grande muro na forma das Montanhas Pelóri para manter afastados Morgoth e todos seus discípulos. Estas montanhas, as mais altas do mundo, realmente protegeram Valinor de invasão mas também aprisionaram a Luz das Árvores de tal forma que o restante de Arda permaneceu nas trevas. Durante as Eras das Árvores são utilizados dois sistemas de contagem do tempo paralelos.
Em Aman os poderes de Arda viveram dias de glória das Árvores. Porém a Terra Média vivenciou duas épocas de dez mil anos mortais cada uma: as Eras da Escuridão e as Eras das Estrelas. No continente de Aman as Eras das Árvores foram divididas em dois períodos. As primeiras dez eras dos Valar, ou o equivalente a 10 mil anos dos mortais, foram chamadas de "os anos da felicidade". Durante este período os Valar e Maiar prosperaram e suas grandes mansões e jardins crescerem em beleza sem igual. As águias foram criadas pelo Vala Manwë, os Ents concebidos por Yavanna, e os Anões secretamente feitos por Aulë.
Esse foi um período glorioso em Valinor, mas além dos muros das montanhas pelóri a Terra Média entava mergulhada no terror de Melkor durante o que foi chamado de As Eras da Escuridão.Os acontecimentos da segunda metade das Eras das Árvores em Valinor são relatados por Tolkien. Este período ficou conhecido como O Entardecer dos Abençoados em Valinor, mas na Terra Média foi conhecido como as Eras das Estrelas. Varda, a Rainha dos Céus, reascendeu as estrelas sobre a Terra Média e causou o despertar dos elfos. No devido tempo chegaram as terras imortais as notícias do despertar dos elfos, e também das tentativas de Melkor de escraviza-los e corrompe-los. Rapidamente os Valar organizaram um conselho de guerra. Como grandes anjos vingativos os Valar e muitos dos Maiar foram a Terra Média e trouxeram as legiões de Melkor diante de si.
Esse conflito ficou conhecido como A Guerra dos Poderes, e muitas batalhas e duelos foram travados enquanto durou. Os Valar destruíram completamente Utumno e arrancaram Melkor de suas cavernas. Ele foi levado a Valinor e preso por correntes indestrutíveis por muitas Eras. Esse período foi conhecido como A Paz de Arda, e durou a maior parte do restante das Eras das Árvores em Valinor e na Terra Média. Estes foram os melhores anos para a raça dos Elfos, pois sem a fúria maléfica de Melkor, este povo escolhido prosperou e cresceu em poder.
Depois da Guerra dos Poderes, os Valar convocaram os Elfos para vir e viver com eles na Terra da Luz. Esta foi a migração em massa chamada de Grande Jornada dos Eldar, aqueles Elfos que atenderam o chamado dos Valar. Essa Grande Jornada se tornou tema de muitas canções entre os elfos, pois seus caminhos foram difíceis e longos, e os Eldas foram divididos diversas vezes durante o trajeto. Aqueles que chegaram as Terras Imortais foram abençoados pelo toque da luz das árvores dos Valar, foram três as famílias a chegar: os Vanyar, os Noldor e os Teleri. Para as crianças de Ilúvatar habitarem, os Valar escolheram as terras chamadas de Eldamar, o "Lar dos Elfos".
A beleza destas terras era de pasmar. Muitas das mansões e torres mais belamente trabalhadas estavam na capital dos Vanyar e Noldor, chamada de Tirion, e nas cidades dos Teleri existia Alqualondë nas costas de Eldamar, e Avallondë na ilha de Tol Eresëa.Mas, depois de passar muitas Eras acorrentado, Melkor veio a julgamento diante dos Valar. Ele pareceu realmente estar arrependido do que fez, e então Manwë, Senhor dos Valar, ordenou que suas correntes fossem removidas. Mas os Valar foram enganados, Melkor aprendera a mentir muito bem e em segredo tramava a queda de todos.
Primeiro ele semeou a discórdia entre os elfos de Aman, apareceram a inveja e a intriga, então em aliança com a grande aranha negra chamada Ungoliant ele foi a guerra abertamente.Junto com Ungoliant ele foi em segredo até as Árvores dos Valar, e com uma grande lança negra atravessou seus caules até a raiz. Ungoliant sugou a seiva brilhante que saia das Árvores até murcharem e morrerem, então tudo em Valinor tornou-se escuro e apavorante. Melkor riu com terrível contentamento pois por duas vezes havia destruído as Luzes do Mundo. Não satisfeito com seu terrível ato, Melkor foi até a Fortaleza Élfica de Formenos e assassinou o Alto Rei dos Noldor roubando as jóias mágicas chamadas Silmarils. Estes foram as mais valiosas jóias já concebidas naquela ou em qualquer outra Era, e eram sagradas para os Noldor, pois assinalavam o mais alto grau de perfeição da sua arte.
Ademais, com o fim da luz das Árvores em Valinor elas se tornavam ainda mais preciosas, pois as três gemas irradiavam a luz das próprias Árvores dos Valar. Porém por mais belos que fossem, os Silmarils pareciam carregar consigo uma terrível maldição, pois trouxeram desespero e morte a todos que os possuíram. Quando Melkor se apoderou delas e fugiu para a Terra Média, os Noldor fizeram um juramento de sangue de vingança e, sob a liderança de Fëanor, o criador dos Silmarils, eles partiram. Este foi o início da Guerra das Grandes Jóias que se estendeu por toda a Primeira Era do Sol e foi registrada na obra de Tolkien "O Silmarillion".